Lugar comum, refúgio para compartilhar as impressões que tenho do cotidiano e das pessoas que dele fazem parte... Sejam bem-vindos!



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Melancia


Há muito tempo não dedico a atenção que gostaria ao blog. Nesses meses de ausência tanta coisa aconteceu... Um grande marco foi o tão esperado e desejado encontro com Balzac. Como foi gostoso “trintar”. Em questão de segundos parece que tudo mudou, e para melhor! Mas, isso já faz quase três anos... Embora não tenha compartilhado a marcante experiência em prosa e verso, comemorei em grande estilo com a realização de alguns sonhos...

Saltei de asa delta com direito a um cenário de fundo que não poderia ter sido mais bem escolhido: Pedra Bonita, em São Conrado no Rio de Janeiro. Simplesmente fantástico. Nunca me senti tão plena, tão livre, tão perto de Deus. Por aproximadamente 15 minutos fui tomada por um misto de êxtase, medo, euforia e plenitude.  Do alto, olhava atentamente para o mar, para a floresta, prédios, ruas e para os carros que naquele momento tinham o tamanho de formigas quando comparadas a nós. Quanto mais olhava à minha volta, mais repetia a mim mesma: “Como Deus é perfeito!” E pensava, como pode Ele ter feito tudo com tamanha riqueza de detalhes. Por dias, semanas, toda vez que me lembrava daquele voo agradecia repetidamente por ter vivido tudo aquilo. 



Tatuei uma linda flor de jasmim no ombro direito e no pé registrei a expressão que tanto gosto de dizer a mim e aos outros: Carpe Diem. Com essas tattoos completei cinco e ainda não me decidi se outras virão. Viajei para Buenos Aires, ultrapassando pela primeira vez as fronteiras da “pátria amada Brasil”. Decidi tudo de última hora, fechei o pacote a apenas uma semana do embarque porque naquele momento se pensasse muito acabaria desistindo. Valeu a pena. Fiz minha primeira viagem sozinha, conheci lindos lugares, casais apaixonados que celebravam o amor, gastei todo o “portunhol” que desconhecia saber, “hablei, hablei, hablei”.


Não dancei tango (apenas encenei), não assisti a um tradicional show de tango nem visitei todos aqueles pontos turísticos que os amigos e guias nos recomendam. Fui ao Caminito duas vezes, fiz um tour pelo La Bombonera e degustei algumas garrafas de Quilmes gastando pouco. Na volta de um passeio, temerosa de ser passada para trás - desmentindo as estatísticas, nenhum taxista argentino me deu uma nota falsa sequer de troco - iniciei a meu modo uma conversa com o motorista. Tudo começou mais ou menos assim: “Olá! Sou brasileira e meu nome é Mônica. Seu país é muito lindo e blá, blá, blá (tudo isso em portunhol)”. Para minha surpresa, minutos depois ele estava me confidenciando problemas familiares, falando das dificuldades de relacionamento com a enteada e de repente aquele senhor, que em minha opinião era a personificação do homem que ilustra a foto de dois pesos, estava aos prantos. Um tanto quanto assustada com a situação e ao mesmo tempo preocupada com ele, tentei como pude acalmá-lo e no fim das contas deu tudo certo. Essa passagem, de tudo o que vivi no país dos “hermanos”, talvez tenha sido a que mais me marcou. E assim encerrei os festejos dos meus 3.0.



Menos de dois meses depois de completar 3.1 ganhei o melhor presente de todos os tempos, um namorado que desde o início me completa em tudo e por tudo. Ele é a melhor das companhias, meu conselheiro, meu amigo, meu amor.  Ele me serena quando estou intempestiva, me adoça quando acordo amarga, me faz sorrir quando estou emburrecida. 



Em agosto de 2011, depois de um ultrassom que diagnosticou cinco miomas em meu útero, precisei encarar um tratamento da pesada. Menopausa medicamentosa, esta foi a prescrição do meu amado “ginecopsicólogo”, de quem sou paciente desde 1990. Temerosa com a possibilidade de os miomas chegarem ao ponto de me impedir de ter filhos, não pensei duas vezes para tomar a primeira de um total de três injeções, aplicadas a cada três meses. Meu Deus, quanto calor, um calor insuportável, que queima como brasa. Dores nas pernas e mal-estar também estavam no pacote de desconfortos que me acompanhou por quase um ano.  



Como recompensa, ganhei dois presentes. O primeiro veio no dia 14 de setembro do mesmo ano, quando decidi abandonar de uma vez por todas a “coisa que solta fumaça”, meu companheiro inseparável por 15 anos. O outro foi a notícia de que a resposta do tratamento foi positiva, incidindo no desaparecimento de um dos miomas e na redução em mais de 50% de outros três. Com o quarto “a conversa” tem sido mais difícil, mas estou confiante de que isso vai mudar.

Passados pouco mais de um ano sem fumar somado ao tratamento hormonal, o resultado foi a indesejada aquisição de quase dez quilos. Com o paladar mais apurado, é óbvio que tudo o que eu comia ficou mais gostoso. De maneira frenética, comi, comi, comi... toucinho de barriga... hummmm, só de pensar dá água na boca, chocolate, doce de leite, churrasco e até arroz... que delícia! Sempre fui neurótica com meu peso, até mesmo porque aos 13 descobri que tinha hipotireoidismo e sabia que se não ficasse esperta viraria uma baleinha ou, quem sabe, uma baleiona mesmo.  

Amo ter mais de 30, de verdade, mas se há algo cruel para as mulheres da minha idade o nome do vilão é metabolismo. Como o danado fica lento, ainda mais para mim que tenho disfunção hormonal. Lembro que quando eu tinha 14, 15 anos perdia peso rindo. Em uma semana, eliminava 1Kg, ou até um pouco mais, fácil, fácil. Detalhe, de forma saudável porque se tem uma coisa que aprendi a entender é de dieta. Nunca fui adepta dos remédios para emagrecer, pois tenho a convicção de que neste caso “tudo o que vai rápido, volta mais rápido ainda e, o pior, em dobro”. Sei exatamente e de cor tudo o que contém em uma dieta básica de 1.500 calorias/dia. Saber eu sei, mas daí a conseguir seguir já são outros quinhentos.

Em uma dessas empolgações comprei uma esteira. Tudo bem, confesso, é o cabide mais caro que tenho e costumo dizer que se eu já a tivesse utilizado proporcionalmente ao tanto que já paguei estaria magérrima uma hora dessas. Enfim, às vezes desfruto de seus benefícios, em outras fico semanas sem notar a sua presença. Mas, a grande questão é: o que faço para ter mais disciplina e menos apetite? Enquanto não encontro a resposta só queria colocá-los a par dos últimos acontecimentos e compartilhar que  me sinto como uma melancia: verde de raiva e vermelha de vergonha por não conseguir resistir neste momento a uma enorme barra de Talento branco.

Até o nosso próximo encontro, Só pra Constar!


4 comentários:

  1. Adorei o texto, muito bem escrito e descrito.Tambem sou uma balzaka e compartilho contigo que tudo muda e para melhor. Vivo tambem a guerra contra a balança, mas pensando bem, alem de ganhar alguns quilos, ganhei mais equilibrio, confiança, autoconhecimento. Sabe de uma coisa? Existe uma vida maravilhosa depois dos trintas.

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  2. Olá,
    Muito obrigada pelo comentário! De fato é muito bom fazer 30 anos e sim, concordo que a vida se torna mais fascinante quando entramos nessa fase!
    Carpe Diem!

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  3. Amor, adorei o texto. Só com a data que você se equivocou: Quando começamos a namorar, você já havia completado 3.1. Depois os homens que não se lembram de data. Rsrs. E a melhor parte: Seu namorado veio com brinde. Carol, sua enteada linda! Te amo.

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  4. Amor,
    Você e a Carol são um presente para mim! Amo muito vocês! =)

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