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quarta-feira, 14 de março de 2012

A última tragada

14 de setembro de 2011, quarta-feira, mais ou menos 11 horas: data e horário em que decidi dar a última tragada. Não gosto de generalizar, mas acredito que 10 em cada 10 pessoas cometem idiotices ao longo da adolescência. E uma das minhas foi experimentar a coisa que solta fumaça. Lembro-me como se fosse hoje. Estava de férias em Cristais, uma cidade do interior de Minas, e uma amiga teve a “brilhante” ideia de acendermos um cigarro.

Entusiasmadas, e como não poderia deixar de ser para uma primeira vez, combinamos de ir à Campo Belo (cidade próxima e mais desenvolvida) para comprar um Gudang Garam (cigarro com sabor de canela) que, em 1995, custava algo em torno de R$ 5 o maço (se não me falha a memória, o mesmo preço de uma promoção do Big Mac). Como não encontramos o Gudang decidimos levar o Nikk (sabor banana), afinal outras pessoas da turma já estavam fumando e nós estávamos “ficando para trás”.

O local escolhido para a primeira tragada foi a casa dessa amiga e todos os nossos passos detalhadamente planejados para que a mãe dela, que fazia marcação serrada, não nos pegasse com a "boca na botija". Tudo certo e lá fomos nós, ansiosas, achando que aquele seria um importante passo para as nossas vidas (vai entender...). “Quem vai acender?”, uma de nós perguntou. “Eu quero, eu quero... e eu também”. “Ok, então vamos tirar dois ou um”. Não lembro quem ganhou, mas sei que não fui eu. E aqui abro um parêntese. 1. “Ganhou?”, não sei se esta seria a palavra mais adequada, sempre penso neste verbo com uma conotação positiva, do tipo “ganhar um presente”, “um emprego” e até “um namorado”. 2. Não seria esta mais uma chance para eu desistir daquela ideia maluca?

Voltando ao que interessa, minha amiga acendeu o dito cujo enquanto olhávamos quase sem piscar para ela. Segundos depois, segurando o cigarro de forma desajeitada ela fez cara feia (como quando a gente come jiló) e começou a tossir. Prevenida, busquei água para ela e para mim, caso me acontecesse o mesmo, e determinada esperei pela minha vez. 1, 2, 3 e... já: coloquei um cigarro na boca pela primeira vez na vida. O gosto de banana não ajudou muito, acredito que mesmo se fosse de morango não teria feito diferença, e a sensação de engolir fumaça e não saber direito como soltá-la foi uma das piores que já senti. E mais, engasguei e de fato precisei beber água, muita água.

Conclusão: todas nós detestamos o bendito. E todas nós quisemos tentar mais uma vez. Sei que é nojento dizer isso, mas no início cheguei a vomitar por causa de cigarro e mesmo assim forcei meu organismo a aceitar aquela substância com a qual mantive uma fiel relação por 15 anos.  No começo fumei escondido da minha família. Todos lá em casa fumavam e talvez por este motivo não percebiam em mim o forte cheiro que impregna mãos, cabelo e roupa, e que nem com uma caixa inteira de Halls preto sai da boca.

Como tudo na vida é inevitável, um belo dia minha mãe me pegou fumando e foi aquele falatório sem fim. Enquanto ela soltava farpas, alfinetadas, e em alto e bom tom me dizia palavras nada amáveis como %#@&@#$@#, capazes de serem ouvidas a quarteirões, eu pensava: “Que coisa, não? Nossos pais vivem dizendo que devemos seguir os seus passos, ela fuma mais do que um dragão e na hora em que eu decido copiá-la ameaça me matar?” (rs)

Não foi fácil, mas decidi enfrentá-la e bati o pé dizendo que não ia parar. A partir daí, ao invés de melhorar, as coisas pioraram porque passei a fumar mais e mais. Fumava quando estava triste, para substituir a comida e emagrecer, para fazer a digestão do almoço, para trabalhar (sempre pensei que o cigarro fosse condição sine qua non para eu conseguir escrever), para estudar, para qualquer coisa que eu fosse fazer eu fumava. O cigarro era uma espécie de companheiro de todas as horas, meu melhor amigo e por ele já comprei brigas e terminei namoro.

Quando vi que não queria mais brigar decidi parar. Procurei uma médica e comecei a tomar remédio. Na primeira tentativa fiquei 3 meses sem cigarro e ganhei 7 quilos. Desespero total, as roupas ficaram apertadas, fiquei irritada, mal-humorada, insuportável. Mas, diante da proeza que jamais imaginei conseguir, subestimei meu “ex-amante” e achei que poderia voltar a experimentá-lo sem compromisso. Comecei com um trago do cigarro sabor cereja que uma amiga estava fumando. A boca amargou, me lembrei do Nikki lá em Cristais, mas já na segunda puxada pensei: “Que delícia, não vou te abandonar nunca mais!”

No dia seguinte já estava na padaria comprando maço e o final da história não traz nenhuma novidade: fumei, fumei, fumei. Confesso, como boa ariana que sou, que não gostei nem um pouco de ter fracassado, todavia a sensação de prazer que o cigarro que causava era tamanha que deixei passar. O lado bom foi que a partir daí a vontade de parar ficou martelando na minha cabeça. Segunda tentativa: virada 2010/2011. Quem nunca pensou em parar de fumar, começar uma dieta, um livro ou fazer ginástica no primeiro dia do ano? A intenção foi boa, mas como diz o ditado “de boa intenção o inferno está cheio” e mais uma vez fracassei.

Como sou brasileira e não desisto nunca, no dia 14 de setembro do ano passado, prestes a embarcar para o Rio em férias, com dois maços de cigarro fechados decidi dar um basta. Por volta das 11 horas, enquanto colocava as últimas peças na mala, acendi a coisa que solta fumaça e comecei a pensar em todo o mal que este péssimo hábito me fazia. Pensei nas discussões constantes com o meu namorado, que tem horror a cigarro, em minha indisposição para praticar esportes, no tempo perdido no trabalho, no incômodo causado às pessoas... enfim, pensei seriamente que fumar mata, está fora de moda, custa caro e fede!

Hoje é dia de festa, dia de comemorar 6 meses sem cigarro! Não vou dizer que foi/é fácil, mas posso afirmar que vale a pena. Sim, provei para mim mesma que não dependo do cigarro para escrever, que estou livre do que um dia pensei que fosse uma muleta. Estou mais atenciosa com as pessoas, não fico mais querendo terminar a conversa rápido para sair e fumar. Consigo chegar em casa no fim do dia e sentir o perfume que passei pela manhã.  Reaprendi como é bom sentir o verdadeiro gosto do chocolate, da macarronada da minha mãe e do kibe preparado pela minha avó. Agora também ganho mais beijinhos do meu namorado que, preciso elogiar, tem me apoiado muito!

Para finalizar, quero dar os parabéns àqueles que, como eu, deixaram de fumar. E para os que estão pensando com vontade no assunto, fica a dica: não existe hora nem data para dar um basta a esta droga. A hora é agora e omelhor  remédio é a força de vontade. Sei que não é fácil, já matei muitos leões por dia e até hoje, quando penso que o cigarro é assunto do passado, me pego com vontade de fumar. Posso passar o resto da vida sentindo vontade, mas farei a minha parte, que é não subestimar esta droga, e se Deus quiser deste mal não morro mais.

3 comentários:

  1. Parabéns amiga...estou muito orgulhosa de nós!!! Assim como você eu também não fumo mais!!! Não só por mim e pelo meu marido...mais pela pessoa mais especial da minha vida...meu filho!!!
    Quantas vezes chegamos e nos estranhar por esse terrível vício??? Até mesmo brigar???
    Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado um fim nessa coisa que solta fumaça....!!! Amo você!!! Marina Lisbeni!!!!

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  2. Nina linda!!!!
    É verdade, já brigamos várias vezes pelo último cigarro hahaha...Quanta perda de tempo, não???
    Fico muito orgulhosa por termos vencido este vício e por mostrarmos para nós mesmas que somos muito mais fortes e vitoriosas do que a coisa que solta fumaça.
    Beijos para você, para o Felipe e para o Cascão!!!!

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  3. Que tipo de homem é esse. Alguns dizem que ele pode curar qualquer doença e doenças, alguns dizem que ele tem o poder de curar relacionamentos quebrados, família e casamentos, alguns dizem que ele é um Deus na Terra. Estou com poucas palavras para descrever esse homem chamado Lord Doctor Akhere. Eu nunca vi um feito milagroso na minha vida até que eu encontrei o Lorde Doctor Akhere online que me ajudou a tirar minha esposa do seu ex-amante. Se você precisar de alguma ajuda para recuperar seu Ex-amante, esposa, marido ou você quer ajuda para se curar de qualquer doença como Hepatite, Herpes vírus E.t.c. Então entre em contato com Lord Doctor Akhere agora via E-mail: Akheretemple@yahoo.com ou whatsapp: +2348129175848

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